terça-feira, 22 de novembro de 2011

História e Música


Já algum tempo a historiografia tem ampliado a definição do que deve ser considerado documento deixando de lado aquilo que se chama de “documentação oficial” – aquela produzida pelos setores dominantes da sociedade e pelo Estado. A historiografia apoiada exclusivamente nesse tipo de documentação serviu a produção de uma “História Oficial”, política e de grandes vultos. Ao ampliar a documentação, a historiografia – sobretudo a preocupada com aquilo que se convencionou chamar de “História Cultural” – permitiu que se enxergasse o passado sob uma nova ótica, não mais dos grandes feitos e dos grandes vultos, mas também pela ação daqueles que até então haviam sido desconsiderados pela História oficial. Diferentes suportes auxiliaram os historiadores a descortinar um passado em novas cores e perspectivas. Neste sentido, a indústria Cultural ganha enorme importância para a compreensão da história do século XX em suas mais diferentes manifestações: cinema, música, televisão e etc.
                O objetivo do curso é promover o contato do aluno das séries finais do ensino fundamental com essas manifestações culturais, de forma que esses suportes atuem como documentos para a compreensão da história do último século. Os anos 50, 60 e 70 foram de intensas mudanças culturais, cujo eco se faz sentir até os dias atuais. As mudanças passam pelas questões políticas como a crítica ao capitalismo frio, mas também ao marxismo autoritário, mas passam também por questões éticas e sociais, pelo controle do corpo pelos indivíduos, pela negação da moral religiosa. Buscava-se o usufruto do corpo, a liberdade associada ao prazer. Nesta busca, o sexo é despido da moral dominante e as drogas são vistas como portas de acesso a uma nova consciência.
                Negava-se a “cultura” dominante e daí o emprego do termo “contracultura” para definir os grupos que buscavam uma alternativa tanto à sociedade burguesa e seus valores como ao autoritarismo leninista. “É Proibido Proibir” foi pichado nos muros de Paris em 1968 e de certa forma dá o tom desse descontentamento exacerbado de fins dos anos 60 e que a música captou, reproduziu e criou. 
                Partindo da música, pretendo explorar com os alunos essas mudanças, apresentando para eles novas formas de enxergar e conhecer o mundo, revelando para muitos deles o descontentamento, mas também as propostas e o modo como essas “filosofias de vida” refletem em nosso cotidiano. As músicas seriam documentos que descortinariam um passado colorido, psicodélico e criativo. Abaixo trago propostas de músicas e artistas que podem ser trabalhados em sala com os alunos para a compreensão dessa época que flutuava entre o medo do apocalipse atômico e o hedonismo como negação dos valores hegemônicos.

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